A inspiração está em nossos pares #07
Entrevista com Pegge & indicações de exposições, filmes e livros para Julho
Bem-vindes a mais uma edição da nossa news :)
A edição passada contou com uma conversa com Izabela Ariza, criadora do projeto Salada Mística, que você pode conferir nesse link. Hoje, você vai ler sobre a trajetória do artista visual Pegge, sua origem, principais referências e inspirações - sendo, as mais centrais, aqueles que estão em sua volta.
👇 Bora falar de coisa boa?
Diálogos /// Isabela Araujo conversa com Pegge
Pegge é de Ermelino Matarazzo, distrito da zona leste de São Paulo. Desde criança, desenhava personagens da TV, mangás e animes japoneses, que considera suas primeiras influências artísticas, mesmo que, naquela época, não tivesse consciência disso. O desenho sempre o acompanhou e, como pessoa tímida e introspectiva, a arte foi - e permanece sendo - uma importante forma de expressão. Ele compartilha que, ainda na infância, escutava blues e assistia à MTV depois da escola, o que fomentou seu gosto pela diversidade e pelo conhecimento musical.
Isa: Qual conselho você daria a um artista que está começando a produzir, com uma trajetória semelhante à sua?
Pegge: “A confiança é importante, mas não é só isso. Estamos nesse espaço elitista e que tudo é conquistado naturalmente pelos artistas brancos, enquanto que a gente, como artistas pretos e periféricos, é preciso que se prove o tempo todo no ambiente artístico. A gente é sempre visto como menos, então não tem espaço pra erro. Se o nosso trabalho não é bem estudado, bem pensado, ele já é considerado menos nesse ambiente elitizado. Então estude, conheça, domine aquilo que você quer produzir.”
Em 2018, Pegge começou a flertar com a ideia de pintar em telas, além de cultivar seu apreço pela música e pelo desenho em papel. O artista passou a estudar uma série de técnicas para produzir nesse material e entender melhor sobre tonalidades e procedimentos mais específicos. Nesse mesmo ano, começou a ser chamado para participar de eventos como artista e realizou sua primeira exposição individual.
Pegge: “A minha origem tem um papel importante no meu trabalho. É sobre comunidade, sobre o próximo, sobre amizades verdadeiras, sobre entender que o próximo importa e, a partir disso, eu também importo. [Essa noção] é resultado de uma criação, do meu lugar, então não tinha como ser diferente. O trabalho que eu faço é pras pessoas. Não é inventar a roda, é deixar ela rodando. O meu trabalho é sobre essa continuidade, sobre essa corrente, que é feita de pessoas que vieram antes de mim. É sobre respeitar quem veio antes, pro próximo me respeitar também (…). Fica mais legal ainda quando você é uma referência pra sua família. Elas [mãe e irmã] achavam antes de eu me tornar artista, que "artista" era só quem tava na Globo, não tinham esse referencial que elas tem hoje: o artista como uma pessoa como eu.”
Para nossa news, Pegge indicou duas de suas referências:
Black Music: free jazz e consciência negra (1959-1967), de Amiri Baraka
Black Music: Free Jazz e Consciência Negra (1959-1967), é um dos escritos críticos musicais mais radicais já realizados. Figura central do movimento Beat nos anos 50 e do Black Power nas décadas seguintes, Baraka utiliza uma linguagem intensa e elétrica, refletindo sobre a improvisação livre do free jazz. Ele argumenta que essa sonoridade deve ser entendida como parte das experiências que, ao longo do século XX, moldaram uma nova consciência sobre o significado de ser negro nos Estados Unidos.
Vidas ao Vento (2013), dir. Hayao Miyazaki
Vidas ao Vento é um filme animado japonês lançado em 2013, escrito e dirigido por Hayao Miyazaki e produzido pelo Studio Ghibli. A animação é uma cinebiografia ficcional de Jiro Horikoshi (1903-1982), projetista da aeronave de combate Mitsubishi A5M e seu sucessor, o Mitsubishi A6M Zero, usado pelo Império do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Foi o filme de maior bilheteria no Japão em 2013, além de ter ganhado e sido indicado a vários prêmios, como o Oscar de Melhor Animação, o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e o Prêmio da Academia do Japão.
Exposições, mostras e cursos /// Pelo Brasil
São Paulo: Jazzmatazz – Todos meus manos ouvem jazz, exposição individual de Pegge (MITS Galeria);
Online: Sally Rooney: A Literatura e o Fim de um Mundo, com Victor Calcagno na Escrevedeira (Temos cupom! Use HISTORIA10);
Salvador e São Paulo: Mostra de Cinemas Africanos;
São Paulo: Manhaba’u: onde toca o invisível, Gustavo Caboco na SP Arte;
Recife: Mostra Pedagógica do SESC movimenta Casa Amarela e Piedade;
Rio de Janeiro: O Rio de Machado, no CCBB;
Online: Quem tem medo do Portunhol?, com professores especializados;
Brasília: Amor de Papelão, fotografias de Ana Figueiredo no Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados.
Indicações da Isa /// O que tenho lido?
Pelo prisma da escravidão, de Dale W. Tomich (Edusp)
Nessa obra, o historiador Dale Tomich investiga o papel da escravidão no Novo Mundo e sua influência na formação da economia capitalista. Para isso, examina como certas formações escravistas nas Américas foram moldadas pela sua inserção no mercado global, na divisão do trabalho e no sistema interestatal.
Sob os tempos do equinócio: Oito mil anos de história na Amazônia central, de Eduardo Góes Neves (Editora Ubu)
O arqueólogo Eduardo Neves apresenta, com base em décadas de pesquisa, uma reconstrução de oito mil anos de história da ocupação humana na Amazônia central, desde 10 mil anos atrás até os primeiros momentos da colonização europeia no século XVI. Este livro é destinado a um público geral interessado em história, ciência e antropologia, fornecendo não apenas um relato detalhado da ocupação da região, mas também uma exploração do trabalho da arqueologia, incluindo seus métodos, parâmetros, medições e os resultados reveladores das pesquisas recentes.
Pedagogia da autonomia, de Paulo Freire (Editora Paz e Terra)
Neste livro, Paulo Freire vai além do ambiente escolar e, como um educador exemplar, nos instiga a buscar um desenvolvimento humano mais ético e autônomo. Nesta, que é uma das obras mais significativas de Freire, aprendemos a adotar uma postura de respeito, curiosidade crítica e apreço pela beleza, reconhecendo nossa condição de seres sociais e históricos com a capacidade de transformar nossa realidade.
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isabela é minha maior diva!!!!!! que conversa foda <3