Ei, como estão as coisas por aí?
Esta edição da news marca a nossa primeira incursão em um tema específico: as reflexões sobre os 60 anos do Golpe Militar. Aqui, você encontrará uma entrevista especial com o talentoso artista visual Dinelli, que une posicionamentos políticos da esquerda radical com sua habilidade excepcional em design gráfico. Além disso, relembramos o trabalho do fotojornalista Evandro Teixeira, e recomendamos livros e cursos para mantê-los politicamente informados de uma maneira que também seja divertida e envolvente :)
Ó, a edição do mês passado, em que tivemos a participação da ilustradora Cássia Roriz, tá aqui pra quem quiser relembrar. Não se esqueçam de incluir suas sugestões no nosso Instagram ou na seção de comentários da news!
Boa leitura <3
Diálogos /// Isabela Araujo entrevista Dinelli
Formado em Design na UNESP de Bauru, município de São Paulo, Dinelli concluiu a graduação em 2014 e, desde então, trilhou seu caminho como artista gráfico. Foi entre os anos de 2015 e 2019 que a veia política de sua arte, hoje uma grande marca registrada, começou a se manifestar.
Influenciado pela leitura de obras revolucionárias e pela conscientização da desigualdade social e da pobreza de São Paulo, onde se estabeleceu, Dinelli teve a oportunidade de aprofundar seu pensamento político crítico. Esse despertar também impactou a insatisfação que sentia em relação ao seu trabalho no meio corporativo, transformando-se em um pontapé para a mudança em sua atuação profissional.
/// Denúncias da ditadura militar e da violência policial, respectivamente.
“Uma das pautas que mais influencia o meu trabalho é a busca por autonomia popular por uma série de povos oprimidos. Também me inspiram as organizações populares críticas às violências estatais e todos aqueles que contestam a permanência de condições hostis à autonomia dos povos.”
/// Representações da relação entre capitalismo e crise climática e dos 30 anos do levante zapatista.
O ano de 2019 marca uma virada na carreira do artista. A produção do primeiro cartaz de contestação política é o estopim para Dinelli se lançar em uma nova fase, marcada também pela pandemia de COVID-19; momento em que o artista pôde refinar suas técnicas e objetivos, resultando na criação de uma série de pôsteres revolucionários.
A excelência de seu trabalho e a conjuntura política brasileira conturbada sob o governo Bolsonaro foram importantes para impulsionar o rápido reconhecimento de suas obras, que valorizam movimentos em busca da liberdade política, inspirados por resistências como as indígenas, curdas, zapatistas e pela Teia dos Povos. A combinação entre arte e resistência se tornou um símbolo distintivo de Dinelli, um artista engajado em desafiar ordens opressivas e provocar reflexões profundas através de sua expressão visual.
Para a nossa news, o artista compartilhou duas recomendações de livros que comportam ilustrações gráficas, especialmente para aqueles que desejam explorar obras com engajamento crítico e anticapitalista:
Sem terra em cartaz, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) com publicação pela Expressão Popular;
Os Cartazes desta História: Memória gráfica da resistência à Ditadura Militar e da redemocratização (1964-85), parte do Projeto Resistir é Preciso, publicado Instituto Vladimir Herzog.
HG indica /// As fotografias de Evandro Teixeira
Tomada do Forte de Copacabana, foto de Evandro Teixeira/Jornal do Brasil
Certamente, você já cruzou com o trabalho do fotojornalista Evandro Teixeira por aí. Estampadas em livros didáticos, jornais e exposições, suas fotografias do instante zero do Golpe de 1964 o inscreveram na história do Brasil não apenas como um grande profissional do jornalismo, mas também como testemunha ocular do mais sombrio ataque à democracia e aos direitos humanos de nosso país.
"No dia 1º de abril, estorou o golpe militar. 5h da manhã bate na minha porta o capitão Leandro: ‘Evandro, estorou o golpe militar e eu tô indo pro Forte [de Copacabana]. Topa tentar entrar no forte escondido com sua câmera?’. Peguei minha Leica, 4 ou 3 filmes, coloquei no bolso, sem bolsa para não chamar a atenção, e fui.”
— Evandro Teixeira para o Instituto Moreira Salles
Durante os 21 longos anos em que perdurou, a ditadura foi registrada pelas lentes afiadas de Teixeira, que se tornou um dos maiores intérpretes visuais deste período sórdido. Hoje, grande parte do acervo do fotojornalista está sob guarda do Instituto Moreira Salles.
Leituras /// Ler para não esquecer
Em memória dos 60 anos do golpe, trouxemos obras que contemplam, em múltiplas perpectivas, o quadro de repressão política e de supressão de direitos do regime militar.
MARIGHELLA: O guerrilheiro que incendiou o mundo, por Mário Magalhães (Companha das Letras):
Nesta obra, o jornalista Mário Magalhães reconstitui a trajetória do revolucionário Carlos Marighella, militante do Partido Comunista Brasileiro e fundador da Ação Libertadora Nacional, o maior grupo armado de oposição à ditadura militar (1964-85).
Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo, organizado por Edson Teles e Renan Quinalha (Autonomia Literária):
Uma reunião de artigos de intelectuais e militantes que buscam decifrar o quanto da experiência social e política da ditadura ainda persiste na organização de nossas vidas e instituições de forma autoritária, entreguista, liberal e antipopular.
O que resta da ditadura: a edição brasileira, organizada por Vladimir Safatle e Edson Teles (Editora Boitempo):
Ensaios de renomados intelectuais que desvelam a presença da ditadura na estrutura jurídica, nas práticas políticas e nos traumas sociais do Brasil. A obra lança luz sobre o legado autoritário do período, destacando as formas pelas quais a violência permanece entranhada na nossa sociedade.
Não tive tempo de ter medo: textos escolhidos de Carlos Marighella, por Carlos Marighella (Editora Terra sem Amos):
Essa última indicação reúne produções originais de Marighella.
Cursos online /// Para ampliar nosso repertório político-cultural
Nos últimos meses, nossa equipe tem estado viciada nos cursos online oferecidos pelo SESC Centro de Formação e Pesquisa, sediado em São Paulo. Essa lista comporta indicações nossas de cursos com datas de início previstas para abril!
Confira a lista:
A improvisação (e o imprevisto) como método de pesquisa (online - início em 11/04);
Breve história das mulheres negras no Brasil (presencial, em SP - início em 19/04);
Acessibilidade para a gestão cultural: teorias e práticas anticapacitistas (online - início em 29/04);
O cinema e o audiovisual do Pará: história e memória (online - início em 29/04);
Clube de leitura /// Não aprendemos a dizer adeus
Esse registro é do último encontro que o História Guardada participou como parceiro do clube de leitura da
. Desde meados de 2021, ajudávamos na curadoria, divulgação e mediação do clube, que segue firme, forte e com uma programação incrível até o fim de 2024. Acompanhem a salvo para participar das próximas conversas, e vida longa às conexões feitas a partir de paixões compartilhadas. Nos vemos muito em breve <3Precisamos do seu apoio /// Contribua agora
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mais uma edição de sucesso!