Mais da metade do ano já passou, e sabemos que não estamos sozinhas na sensação de termos sido engolidas pelo tempo. Não duvide: nós realmente fomos. A oitava artista convidada para nossa newsletter nos lembra da importância de habitar a si, em nosso próprio ritmo. A seguir, conheça Cristine.
Clicando aqui, saiba mais sobre Pegge em nossa edição passada.
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Diálogos /// Ana Pecis conversa com Cristine
Nascida em Recife (PE), Cristine é artista visual, pintora e ilustradora freelancer. Formada em arquitetura, o imaginário da cidade onde nasceu e foi criada faz parte de suas ilustrações vibrantes, marcadas pelo uso das cores primárias: o vermelho, o azul e o amarelo.
Releituras do Edifício BANCIPE e do Edifício Pernambuco, respectivamente
“O curso de arquitetura me deu mais dimensão dos espaços, então eu acho que é mais fácil ver beleza nesses lugares, querer ilustrar. Muito da minha ilustração é o meu cotidiano, o que eu vejo, as ruas que eu vou, o que eu quero deixar registrado para além da memória.”
A inspiração pode vir do que enxerga, mas também do que ouve. Músicas, expressões brasileiras, frases de pessoas amadas. Cristine usa o lettering em suas criações como forma de estabelecer identificação a quem a acompanha. Dessa maneira, imagem e palavra se complementam, formando obras que exploram a solitude, o autoconhecimento e a vulnerabilidade.
Estar consciente de si e se permitir desmoronar são aspectos explorados nas ilustrações de Cristine
Se o urbano e a intimidade são temas recorrentes no que gosta de produzir, a relação entre a cidade e o corpo também se faz presente nos amarelos, vermelhos e azuis que predominam sua arte. Não por acaso, duas fortes referências são os trabalhos de Edward Hopper, pintor que eternizou a representação da solidão na contemporaneidade, e Piet Mondrian, cujas produções abstratas em cores primárias percorreram o mundo.
“Entro no Google Street View, vejo as ruas e saio catando, sei lá, o que eu acho que é bem-vindo, a melancolia da cidade que está presente em todas as cidades.”
A humanidade e os espaços físicos coabitam em sua arte
O contraste com o preto, as texturas granuladas e os elementos da cultura popular brasileira ajudam Cristine a construir o paradoxo entre um Brasil do passado e um Brasil que ainda habita a imaginação. Essa dimensão dual levou a artista a trabalhar em campanhas que evocavam a nostalgia e o espírito cotidiano do nosso país.
“Para o futuro, quero me relacionar mais com animação e falar sobre o Brasil. Desenhar um baile funk animado, quem sabe? Estou no processo de estudar.”
Aos leitores dessa newsletter, Cristine recomendou os filmes de Almodóvar, sobretudo Fale com ela e Tudo sobre minha mãe.
HG indica /// Línguas, novo livro de Domenico Starnone
Tivemos a oportunidade de ler com antecedência o novo livro de Domenico Starnone publicado no Brasil. Antes de chegar ao catálogo da Todavia, que publica as obras do italiano por aqui, Línguas foi enviado em uma edição especial aos assinantes da TAG Curadoria, que nos convidou para produzir conteúdos sobre o lançamento. No vídeo que gravamos, não perdemos a chance de destacar um dos elementos que mais nos fascinam nos livros do Starnone: as obsessões, muitas vezes nostálgicas, que quase sempre permeiam suas obras. Um segredo, uma memória, uma assombração. Línguas é mais uma narrativa napolitana que nos fala sobre fantasmas do passado, sobre o impacto dos primeiros amores e sobre a impetuosidade da morte, que segue sem belezas. É claro: nós indicamos de olhos fechados.
Exposições, mostras e cursos /// Pelo Brasil
Exposição virtual: 70 fotos raras e inéditas de Getúlio Vargas;
Programa Saber Museu: Cursos e conteúdos gratuitos sobre educação museal;
Curso online: Ficção literária e natureza com Paulliny Tort (Temos cupom! Use HISTORIA10);
Rio de Janeiro: As paisagens ruminadas de Luiz Zerbini no CCBB;
São Paulo: ABERTO3 na Casa Tomie Ohtake e na Casa Chu Ming;
São Paulo: As fotografias de Stefania Bril no IMS;
Recife: Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj?.
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que coisa linda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
adorei o trabalho da Cristine! e a edição tá um capricho pra variar